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Pessoas com câncer têm o sistema imunológico mais fraco, ou seja, são imunocomprometidas, o que as torna mais vulneráveis a infecções. Essas infecções podem ser perigosas e até atrapalhar o tratamento contra o câncer. Por isso, manter a vacinação em dia é muito importante.

 

Quando tomar as vacinas?

Antes de começar o tratamento oncológico, o ideal é que o paciente receba as vacinas com antecedência. Isso ajuda a garantir mais proteção e menos riscos.

  • Vacinas inativadas (feitas com vírus mortos) devem ser aplicadas, de preferência, duas semanas antes do início do tratamento.
  • Vacinas vivas atenuadas (com vírus vivos enfraquecidos) devem ser aplicadas obrigatoriamente entre 3 e 4 semanas antes do tratamento começar.
  • Durante o tratamento ainda é possível aplicar vacinas inativadas, mas a resposta do organismo pode ser menor. Por isso, pode ser necessário tomar novamente essas vacinas depois que o tratamento acabar.
  • Antes ou depois de transplante de órgãos (como pulmão, rim, fígado ou coração), as vacinas inativadas podem ser recomendadas. Após o transplante, é melhor esperar pelo menos 2 meses antes de vacinar, para que o corpo consiga produzir os anticorpos com mais eficiência.
  • Pacientes que passaram por transplante de medula óssea (TCTH) devem, preferencialmente:
  • Esperar 6 meses para começar a vacinação com vacinas inativadas (pode ser antes, dependendo da condição do paciente).
  • Esperar 2 anos para vacinas vivas atenuadas, pois esse é o tempo esperado para que o sistema imunológico se recupere.
  • Se houver rejeição ao transplante, as vacinas vivas continuam proibidas.

 

Cuidados importantes antes de se vacinar

  • Se a pessoa estiver com febre moderada ou forte, é melhor adiar a vacinação. Isso evita confundir uma possível piora da doença com efeitos da vacina.
  • Quem tem problemas de coagulação ou usa anticoagulantes, precisa de atenção especial ao tomar vacinas aplicadas no músculo para evitar sangramentos ou hematomas. Em alguns casos, o médico pode recomendar aplicar a vacina de outra forma (subcutânea) ou usar medicamentos para ajudar na coagulação antes da vacina.
  • Pessoas com neutropenia grave (nível muito baixo de glóbulos brancos) não devem receber vacinas, pois há risco de febre alta e complicações.

 

Vacinas contraindicadas

Vacinas com microrganismos vivos atenuados são contraindicadas durante o tratamento imunossupressor e só devem ser aplicadas 30 dias antes do início ou, em alguns casos, após 3 meses do fim da quimioterapia, com o paciente em remissão.

Situações especiais:

  • Vacina oral da pólio: contraindicada para pacientes e contatos próximos. Usar versão inativada.
  • Febre amarela, tríplice viral e tetraviral: podem ser avaliadas caso a imunossupressão seja leve e haja risco epidemiológico.

Após transplante de medula óssea:

  • Febre amarela e varicela: só após 24 meses, com imunidade recuperada e sem imunossupressão contínua.

Tríplice viral: contraindicada no 1º ano; pode ser considerada entre 12 e 24 meses com avaliação médica.

 

Importância da Vacinação dos Conviventes

Manter a caderneta de vacinação dos conviventes de pacientes imunossuprimidos atualizada é fundamental para a proteção indireta dessas pessoas mais vulneráveis. Como os pacientes imunossuprimidos podem ter resposta imunológica reduzida ou até mesmo restrições ao uso de vacinas vivas, é essencial que aqueles que convivem com eles estejam devidamente vacinados.

Abaixo vemos quais são as vacinas indicadas aos pacientes oncológicos e seus conviventes:

Fonte: CRIE e SBIm.

Notas:

  • * Sempre que possível, preferir menACWY
  • ** Sempre que possível, preferir HPV9

 

O que é o CRIE – Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais

O município que não existe o CRIE deverá encaminhar o paciente oncológico para UBS (Unidade básica de Saúde) de referência.

Para que o paciente oncológico tenha acesso as vacinas especiais o médico responsável (Oncologista) deverá fazer o encaminhamento e um laudo médico constando os dados do paciente, diagnóstico oncológico, estadiamento da neoplasia, comorbidades, situação do tratamento proposto (em tratamento com data de início/término), em remissão, cirurgia proposta, existência de infecção contínua, se possui histórico de evento adverso grave pós vacinal, vacinas solicitadas e se há necessidade de vacinas para familiares e pessoas de convívio próximo.

É de suma importância a vacinação em pacientes oncológicos pois além de evitar infecções graves, diminui os riscos de hospitalizações e melhora a qualidade de vida.

Texto pela Equipe de Enfermagem Unidade Pouso Alegre

Enfermeiras: Renata, Amanda e Michelle

Referências

  1. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunozações. Disponível em: https://portalarquivos.sau-de.gov.br/campanhas/pni/html
  2. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Programa Nacional de Imunizações (PNI): 40 anos. 2013.
    Disponível em:
    http://bvsms.saude.gov.br/ bvs/publicacoes/progra¬ma_nacional_imunizacoes_pni40.pdf.
  3. Ministério da Saúde. Vigilância Epidemiológica do Sarampo no Brasil 2019: Semanas Epidemiológicas 36 a 47 de 2019. Disponível: http://portalarquivos2.xn--saude-wha.gov.br/images/pdf/2019/ dezembro/16/Boletim-epidemiologico-SVS-37-inte¬rativo-final.pdf.
  4. Sociedade Brasileira de Imunizações. Relação dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais.
    Disponível em: https://xn--familia-eka.sbim.org.br/images/ files/lista-cries.pdf
  5. Ministério da saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)/MS. Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/ pt-br/vacinacao/arquivos/ manual-dos-centros-de-referencia-para-imunobiologicos-especiais_6a-e-dicao_2023.pdf
  6. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Estimativas 2020: incidência do câncer no Brasil. Disponível em: https://www.inca.gov.br/
  7. http://bvsms.saude.gov.br/

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